Quem costuma frequentar blogs de viagens/culinária, termina a leitura a pensar que o mundo é um lugar fofinho, repleto de refeições deliciosas e cenários idílicos. O problema é que, às vezes, não é, e podemos ser confrontados com episódios terríveis e marcantes, que nos fazem, quase para o resto da vida, ter nojo e aversão a um determinado alimento. Por isso, meus 5.75 leitores, e porque a Internet não deve mostrar, apenas, o melhor deste planeta, vou partilhar convosco, ao longo das próximas semanas, algumas histórias de refeições que não correram nada bem, e que, ainda hoje, me fazem ter arrepios na espinha.
A última passou-se, há pouco mais de dois meses, na belíssima capital do Myanmar, Yangon . Quem acompanha o blog sabe que, recentemente, passámos um mês a viajar por este fantástico país, e que a famosa gastronomia birmanesa foi, como não podia deixar de ser, um ponto essencial do nosso percurso. Assim, percorremos, durante dois dias, alguns dos melhores restaurantes e mercados de rua da cidade. Para além de absolutamente deliciosos, os alimentos são fresquíssimos e as pessoas tão simpáticas, que não podemos deixar de experimentar tudo o que nos põe à frente.
Mesmo quando estávamos prestes a partir para Bagan, já na estação de autocarros, e porque a viagem ia durar mais de dez horas, decidimos comer uns noodles num dos milhentos vendedores de comida que percorrem os terminais da capital. Por cerca de quinze cêntimos de euro, tivemos direito a uma taça de massa, molho picante, e um caldo feito a partir dos cortes mais baratos do porco, como as orelhas, o rabo ou as patas. Quando provei, estava absolutamente delicioso, mas, à terceira colherada, vinham, nada mais nada menos, do que três cabelos gigantes. Só não vomitei por sorte. Fiquei branca, pálida, nauseada, e, pior: A ter que disfarçar, até porque ninguém gosta de viajar com gente histérica, e eu sou uma senhora já entradota nos trintas, que gosta de manter a postura.
Ainda por cima, eram cabelos de mulher que, como podem ver pelas fotos, são super cumpridos. Pânico. Automaticamente deixei a comida de lado, com um sorriso amarelo, a explicar que estava tudo óptimo, mas que já não tinha fome. Os vendedores estranharam, até porque o meu Amor já ia na segunda taça, e estava com ar de quem ia pedir a terceira. Enfim, teve mais sorte do que eu, e não apanhou “brinde”. Escusado será dizer, que, apesar de ter voltado há mais de dois meses, continuo a lutar contra o enorme nojo que os noodles provocam ao meu estômago. Ao ponto de ficar com náuseas, pois não consigo esquecer este episódio. Para ver se o consigo ultrapassar de uma vez por todos, vou reservar mesa no meu cantonês preferido, o Hong Kong Grande Palácio, e comer uns noodles que me façam realmente feliz. Depois, conto-vos no Instagram como correu.
Para não me chamarem Drama Queen, deixo-vos algumas imagens da estação de serviço e do cabelo das birmanesas, que é lindo e …. gigante. Alguns nunca viram uma tesoura. Agora, imaginem um destes no vosso prato. Espectacular, não é? Só a mim.