Não é segredo para ninguém de que a China é um dos meus países preferidos para viajar, e que Pequim, apesar da poluição, é uma cidade que adoro. Assim, quando planeámos o itinerário da nossa viagem pelo Oriente, reservámos três dias para explorar a capital chinesa. O percurso teve inicio na icónica “Cidade Proibida”, complexo habitacional construído entre 1406 e 1420, para residência imperial da dinastia Ming. Classificado, em 1987, pela UNESCO, como património da Humanidade, é, actualmente, o mais extenso palácio do mundo, composto por mais de novecentas habitações, e rodeado por três quilómetros e meio de muralha.
É difícil transmitir as emoções que senti ao entrar na Cidade Proibida, mas, posso garantir que é esmagador visitar um local tão inspirador e icónico. Residência, até 1911, ano da revolução chinesa, de dezenas de imperadores, e do respectivo séquito, composto pela nobreza, eunucos, e concubinas, a sua designação em mandarim, Zijin Cheng, significa “Cidade Proibida Purpura”, uma alusão à cor da estrela do Norte, a qual, segundo a astrologia chinesa, seria a morada do imperador celestial, pelo que esta, foi, também, a tonalidade escolhida para a fachada dos edifícios. No seu período áureo, o castigo para os intrusos seria pesado, não podendo ninguém entrar, ou sair, sem autorização do governante. Actualmente, o complexo encontra-se em fase de restauro, sendo conhecido por “Palácio Museu”, e, apenas, é possível aceder a uma pequena parte do mesmo. No entanto, é intenção do governo chinês que, em 2020, 20% da área se encontre visitável.
A “Cidade Proibida” encontra-se rodeada por muralhas com oito metros de altura por oito de largura, e um fosso com seis metros de profundidade. Cada um dos quatro extremos do complexo possui uma entrada: O portão meridional, por onde acedem os turistas, e que era reservado para uso exclusivo do imperador; o portão da harmonia celestial, onde está o famoso retrato de Mao Tsé.Tung, e os portões Este e Oeste. No seu interior, é possível admirar milhares de porcelanas, esculturas, gongos, mobiliário, e pinturas maravilhosas, alusivas a dragões e a outras temas da mitologia chinesa, em que nenhum detalhe foi deixado ao acaso. A cidade encontra-se dividida em duas grandes áreas, separadas por uma linha imaginária: O pátio exterior e o pátio interior, incluindo este último, a residência imperial. É neste espaço que se localiza o edifício mais importante de toda a cidade proibida: A Galeria da Harmonia Suprema. Datada do século XV, inclui o trono do Imperador, tendo, durante séculos, sido considerada a construção mais alta de Pequim. Erguendo-se trinta metros sob a praça, possui uma decoração maravilhosa, de que se destaca o grande dragão amarelo. De acordo com a tradição, cada membro da corte que entrasse na galeria, era obrigado a tocar nove vezes com a testa no chão, uma vez que, de acordo com a mitologia chinesa, este é o número da sorte e da prosperidade.
De entre todas as centenas de histórias que se contam sobre o local, a que mais me impressionou é a do Imperador Chongzhen, último da dinastia Ming, que, em 26 de Abril de 1644, quando a China estava sob a ameaça do exercito Manchu, em desespero de causa, forçou a imperatriz a cometer suicido, e matou vários dos seus ministros, familiares e membros da corte, tendo-se, em seguida, enforcado com o próprio lenço de seda.
Quem gosta do Oriente, não pode perder a visita à “Cidade Proibida”, de preferência com um audio guia, porque, para além de um complexo monumental único, é essencial para compreendermos a essência da China, e ultrapassar os estereótipos.
Informações Úteis:
Morada: The Palace Museum, 4, Jingshan Qianjie ,Beijing 100009, China
Contacto: gugong@dpm.org.cn
Website: Site Oficial
Horário: Abril – Outubro: 08.30h – 17.00h; Novembro – Março: 08.30h – 16.30h.
Preço dos bilhetes: Oito euros.
É impossível visitar a “Cidade Proibida”, sem caminharmos pela “Praça da Paz Celestial” mais conhecida como “Praça de Tiananmen”, uma vez que se situa na sua envolvente. Construída em 1651, durante a dinastia Quing, é, actualmente, considerada a maior praça pública do mundo, com mais de 440,500 m2. .Rodeada por edifícios soviéticos dos anos 50, foi palco de inúmeros eventos importantes para a história do país, nomeadamente a proclamação, a 1 de Outubro de 1949, da república popular da China, por Mao Tse-Tung, e do famoso massacre de 1989, onde terão sido assassinados mais de sete mil manifestantes. Tendo sofrido obras de ampliação no ano de 1954, foi redesenhada pelo próprio Mao, com o objectivo de mostrar, ao mundo, a grandiosidade do partido comunista chinês.
Para além do monumento aos heróis do povo, um dos mais icónicos elementos de Tiananmen é o Mausoléu de Mao Tsé-Tung, erigido em 1976, um ano após a morte do “Dear Leader”. No seu interior, jaz o corpo embalsamado do dito, que supostamente queria ter sido cremado, mas ninguém lhe fez a vontade. Quem tiver coragem para enfrentar a fila gigantesca, poderá aceder, gratuitamente, ao interior, e observar os restos mortais de Mao, dentro de uma redoma de vidro. Eu e o meu irmão, uma vez que gostamos de cenários um tanto macabros, tentámos, mas, como nos queriam obrigar a deixar as mochilas na rua, optámos por não o fazer. No entanto, a julgar pelas reviews do Tripadvisor, a maior parte dos turistas diz que o tempo de espera não compensa, até porque o monumento só está aberto entre as 07.00h e as 11.00h, o que gera inúmeras discussões entre os visitantes.
A visita à “Praça de Tiananmen” só fica completa com uma passagem pelo Museu Nacional da China, localizado no extremo leste do complexo. Considerado o maior edifício de exposições do mundo, possui uma colecção maravilhosa, de que se destacam as peças pré-históricas e dos primeiros séculos do Império chinês. Acolhendo, anualmente, mais de oito milhões de visitantes, demora cerca de duas horas a visitar, e é necessário mostrar o passaporte para que nos deixem entrar. De salientar que o tempo de espera nunca é inferior a uma hora, mas a colecção merece o esforço. Palavra de #lobo.
Informações Úteis:
Morada: No.16 East Chang’an Street, Dongcheng District, Pequim 100006, China
Contacto: gugong@dpm.org.cn
Website: Site Oficial
Horário: 09.00h às 17.00h. Ulitma admissão: 15.30h.
Preço dos bilhetes: Entrada gratuita.
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