Nos vinte anos da Expo 98, relembro a Expo Shangai (2010)

Antes de mais, estão proibidos de julgar o meu sapatinho branco, até porque só Deus pode julgar. Quanto muito, podem comentar, meus 5.75 leitores. Posto isto, corria o ano de 2010, quando eu, e o meu querido irmão, decidimos visitar a Expo 2010, organizada em Shangai, na China. Depois do sucesso da de Lisboa, visitar a do Oriente era uma oportunidade imperdível, que não podíamos desperdiçar. Diziam que seria o maior evento do género, alguma vez organizado, a nível mundial, e, quando fizemos o itinerário pelo país, naturalmente que incluímos cinco dias nesta cidade, com duas visitas à Expo. Possuindo mais de cinco km², a Expo contou com a participação de cento e noventa países, e a entrada de setenta e três milhões de visitantes, um recorde absoluto. Recordo-me que os bilhetes eram muito baratos (cerca de doze euros) e que foram dados grandes incentivos aos chineses para que viessem do interior do país até Shangai. O tema, “Cidade melhor – Vida Melhor”, fez com que o pavilhão da China, representado a “Cidade Sustentável”, se transformasse no grande ex libris do recinto, sendo, igualmente, o mais caro, com um orçamento de duzentos milhões de euros. Infelizmente, só as primeiras quarenta mil pessoas a entrar é que obtinham bilhetes para este pavilhão, coisa que, apesar de irmos com uma hora de antecedência, nunca conseguimos. É difícil competir com os chineses, que não são especialmente dados a respeitar a ordem das filas.

De facto, nunca tinha visto nada assim, nos dias da minha vida. Os pavilhões eram de uma grandiosidade inacreditável, tendo o dos Emirados Árabes batido recordes. Visto à distância, parecia um disco voador com um oásis no topo, onde não faltavam palmeiras e camelos. Fiquei siderada. Se, em algum momento, descolasse o génio da lâmpada num tapete voador, acredito que ninguém tivesse ficado surpreendido. 

Portugal esteve, também, muito bem representado com um pavilhão feito em cortiça, material que muito intrigou os chineses, os quais acabaram por arrancar pequenos pedaços do revestimento, para perceber se seria feito em pedra ou em madeira. No interior, as energias renováveis, o vinho, o azeite, a Marisa, e o Cristiano Ronaldo, eram alguns dos principais pontos de divulgação do nosso país, encontrando-se bem ilustradas as evidências materiais das relações seculares entre Portugal e a China. Foi curioso ver centenas de pessoas nas filas para os galões e os pasteis de nata, que, hoje em dia, tanto sucesso fazem a Oriente.

Fiquei, também, impressionada não só com a dimensão do pavilhão de Itália, que continha uma orquestra na vertical, ferraris, e um atelier de alta costura, mas, também, com o bebé holograma, hiper, mega, realista de Espanha, que parecia o Chucky, o boneco assassino. Assustador.

Em relação à organização, nada há a apontar. As informações, a limpeza, a segurança, os transportes, o apoio ao turista, fizeram inveja a qualquer efeméride europeia. Logo no primeiro dia, esqueci a mala da máquina fotográfica no detector de metais. Pensei, de imediato, que tinha ficado sem ela. Expliquei a situação a um segurança que mal sabia falar inglês, e, passados cinco minutos, estava na minha mão. Se fosse noutro sítio, tinha ido desta, para melhor.

Apenas tenho a assinalar as filas infindáveis para os pavilhões mais icónicos, como o do Japão, onde, supostamente, seríamos recebidos por robots, mas o tempo de espera era, no mínimo, de quatro horas. Também a mascote, o Haibao, não desfazendo do nosso Gil, estava muito bem pensada, já que era a representação do caractere chinês para “pessoa”  – “人”, numa alusão à verdadeira união de povos e culturas, vivida na Expo.

De todos os pavilhões, um dos que mais gostei foi o de Macau. Desenhado pelo arquitecto português Carlos Marreiros, representava um coelho, metáfora para a fertilidade do território, cujo lucro dos casinos cresce de dia para dia. No interior, havia uma experiência em holograma, que adorámos, mas, que infelizmente, não ficou bem nas fotos. 

A Expo Shangai 2010 foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da minha vida de viajante, e um momento que assinalou a abertura da China para o turismo mundial, já que levou milhares de turistas a conhecer um dos mais incríveis países do planeta. Foi, também, interessante observar o que cada nação julga ser o melhor de si própria, e não resistimos em visitar os países dos “Dear Leaders”, como o Bangladesh ou a Coreia do Norte.

A próxima Expo Mundial encontra-se agendada para 2020, no Dubai, sob o tema: “Ligar mentes e Criar o futuro”, e espero, muito sinceramente, ter possibilidades de a visitar, porque é uma experiência incrível, a repetir pela vida fora, já que nos permite conhecer o planeta inteiro, sem sair do mesmo sítio. Palavra de #lobo. 

One Comment

  1. john bartlet

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