Caros 5.75 leitores, sem m*rdas e sem (falsos) pudores, devo dizer-vos que, este inverno, me está a custar o diabo. Já nem é o confinamento, nem a pandemia ou sequer a ausência de vida social. È mesmo o frio, a chuva, e este tempo da treta. É que, como sabem, nos últimos anos, quando chega o frio, tenho fugido, sorrateiramente, durante um mês, para o quentinho da Asia, aproveitando os preços simpáticos da época baixa.
Infelizmente, este ano, a pandemia lixou-nos os planos, bem como ao resto da Humanidade, pelo que, enquanto forem só as férias, não nos podemos queixar. Mas, que custa, lá isso custa. Posto isto, e lamúrias à parte, levantem o traseiro do sofá, e venham daí, comigo, continuar a conhecer o Myanmar.
Tal como tinha contado na crónica anterior, a prova de vinho francês foi absolutamente incrível, contudo, nessa mesma manhã, já tínhamos tido oportunidade de conhecer uma parte do lago, até porque somos super fãs de caminhar, e apesar do calor, optámos por circundar o mesmo a pé e subir a um miradouro para observar a incrível paisagem.
Escusado será dizer que a vista é fabulosa, até porque o Inle Lake é, sem sombra de dúvida, um dos locais mais únicos do mundo, com uma biodiversidade excecional. A calma, a paz, a tranquilidade, fazem deste o sitio perfeito para relaxar e apreciar os maravilhas que a natureza tem para nos oferecer.
Honestamente, não sei quantos quilómetros percorremos, mas foram, certamente, muitos, entre plantações, casas e templos. Já exaustos, decidimos parar num “restaurante”, que, apesar do aspeto duvidoso, servia uns pratos simples, e deliciosos, à base de feijão, vegetais, ovo e arroz, dos quais gostei tanto, que, ainda hoje, me lembro do sabor. E, já que perguntam, não. Ninguém apanhou nenhuma intoxicação alimentar. Ficámos impecáveis. Quem me dera poder voltar já hoje.
Na volta do correio, estávamos significativamente cansados por causa do calor, e optámos por apanhar um barco ao invés de caminhar, nomeadamente porque tínhamos alguma pressa para chegar, a tempo, à prova de vinhos franceses. Claro que dois turistas, ainda para mais com ar um tanto desorientado, não passam despercebidos, e, rapidamente, apareceram uns quantos potenciais barqueiros a oferecer os seus préstimos. já agora, aproveito a deixa para divulgar um dado importante sobre a minha pessoa: Quando me cheira a aldrabice, transformo-me numa diva pior que a do anuncio do Snickers. Assim, após alguns minutos a regatear, lá encontramos um senhor disposto a levar-nos por cinco dólares. Não há de ter sido um preço brilhante mas, pelo menos, foi melhor do que os vinte inicialmente propostos.
De facto, andar de barco, é, sem sombra dúvida, a melhor experiência do lago. As casas sobre estacas, os jardins de nenúfares, os búfalos de água, a azafama dos pescadores e dos habitantes, sempre de um lado para o outro, fazem, deste, um momento inesquecível. Felizmente, apanhámos um dia de sol, que me permitiu tirar estas, na minha modesta opinião, magnificas fotos que partilho convosco. Já super atrasados, lá nos despedimos do nosso barqueiro, à procura de um moto táxi, não muito “vigarista”, que nos levasse, montanha acima, para visitarmos a vinha, e claro está, provar o famoso vinho francês, produzido no Myanmar. Ainda pensámos ir a pé, mas, rapidamente, percebemos que estava fora de questão. Eram uns dez quilómetros a subir, sob um calor terrível, e a pessoa já não vai para nova. Não me recordo quanto pagámos, mas tenho ideia que foi uma pequena fortuna, que, no entanto, acabou por valer a pena pois a experiência foi inesquecível.
Complente exaustos, chegámos, finalmente, ao alojamento. Era importante descansar para, no dia seguinte, continuarmos a descobrir o lago, e, mal sabíamos nós que o melhor ainda estava para vir. (Não fujam: To be continued). Não perca a crónica anterior:
Crónicas do Myanmar: Um prova de Vinho Francês nos confins do Inle Lake