Sete motivos para comprar pão artesanal (ao invés de no hipermercado)

Caros 5.75 leitores, como todos sabemos, o pão é, imemorialmente uma das grandes bases da alimentação humana. Acredita-se que o primeiro pão do mundo terá sido cozido, há mais de 14 mil anos, na Jordânia, três  milénios antes da prática da agricultura, pelo que foi produzido sem fermento, a partir de trigo selvagem. Desde então, esta forma de consumir cereais ter-se-á espalhado pelo mundo, sendo inúmeras as referências a este alimento, sobretudo em contextos religiosos e políticos, nomeadamente na bíblia ou no próprio Império romano, através da famosa frase “Pão e Circo”, não esquecendo a, ainda mais celebre, tirada “Não têm pão, comam brioche”, erroneamente atribuída a Maria Antonieta, e da verdadeira autoria de Maria Teresa da Espanha, a esposa de Luis XIV, o Rei Sol. 

O facto é que, se os primeiros pães eram cozidos sem fermentar, o fenómeno do crescimento da massa, quando guardada por mais tempo que o previsto, acabou por ser notado, tendo os nossos antepassados concluído que o resultado era um pão mais leve, saboroso e fácil de digerir, já que acabava por fermentar de forma natural.

No decorrer do século XIX, com a invenção do fermento químico, a partir das descobertas de Louis Pasteur sobre a fermentação, este processo acabou por ser democratizado, permitindo que qualquer pessoa tivesse acesso, de forma simplificada, a este complexo fenómeno químico, tornando o resultado final previsível, e sempre igual, o que permitiu a produção de pão em larga escala. 

Assim sendo, caríssimos 5.75 leitores, sempre a pensar na vossa saúde, e na vossa carteira, partilho sete motivos, pelo quais, devemos, sempre que possível, optar pelo pão artesanal ao invés do industrializado: 

1. 100 % Natural: O pão artesanal não possui químicos e fermenta de forma natural, através da chamada “massa madre”, que é, nada mais, nada menos, do que, como o próprio nome indica, massa de fornadas anteriores, onde estão presentes leveduras e bactérias  que produzem ácido lático e ácido acético, que dão mais sabor ao pão e melhoram a sua digestibilidade.

2. Maior Duração: Apesar de não ter familiares no campo, pelo que, em criança, nunca vi cozer pão, ainda sou do tempo em que a minha querida avó comprava um pão caseiro de quilo que dava para a semana toda, e ficava rijo, apenas, ao fim de vários dias, dado o elevado teor de ácido acético. Agora, quando compramos um pão no hipermercado, ganha bolor, muitas vezes, de um dia para o outro.

3. Benefícios para a saúde: Tal como referido, para além de uma melhor digestibilidade, os microrganismos, prebióticos e probióticos,  presentes na fermentação natural, são excelentes para a saúde intestinal,  favorendo o processo digestivo e a degradação do glúten, pelo que são mais indicados para pessoas sensíveis a este proteína.

 4. Poupança: Por possuir uma maior validade, o pão artesanal acaba por ser mais económico quando comparado com o industrializado. Ora vejamos o meu caso: Cá em casa, compramos, ao sábado, no mercado, um pão caseiro de quilo, que custa € 1,70 e aguenta sete dias sem ganhar bolor ou ficar rijo. Se fosse do hipermercado, muito provavelmente, teríamos que comprar duas ou três vezes mais, implicando um custo maior, para não falar da perda de tempo.

5. Sabor Único: Caros 5.75 leitores, nesta vida, há poucos prazeres comparáveis a uma fatia de pão caseiro, quentinho, a sair do forno a lenha, coberto por uma tonelada de manteiga de boa qualidade, a derreter. O pão industrializado, regra geral, não sabe a nada.

6. Apoiar a economia local e o ambiente: Quando optamos por comprar a pequenos produtores, ao invés das grandes cadeias de hipermercados, estamos a apoiar os pequenos produtores, contribuindo para a sustentabilidade da economia local e para uma melhor distribuição de riqueza. Por outro lado, quantas menos vezes tivermos necessidade de adquirir determinado produto, mais contribuímos para a redução de emissão de gases e outros poluentes. 

7. Promover a continuidade de uma tradição milenar: Pão saloio, pão caseiro, pão alentejano, pão de Mafra, são o mesmo nome para o pão que era, secularmente, cozido, pelo menos, uma vez por semana na maior parte das casas portuguesas, numa tradição que persistiu até há poucas décadas, e que se perdeu com as exigências do ritmo de vida “moderno”. Este conhecimento imemorial persiste, agora, nas mãos dos padeiros, e padeiras, que a perpetuam mas que, pela concorrência agressiva causada pelos baixos preços praticados pelas grandes superfícies, tendem a desaparecer. Assim, cabe a nós, 5.75 leitores, ao fazermos a opção de comprar nos mercados e nas padarias tradicionais, zelar para que esta tradição impar de sabor único, não se perca.

Nota: Se viverem na Margem Sul, adquiram o famoso pão da Azoia no Mercado Municipal de Sesimbra ou, ao fim de semana de manhã, na Moagem de Sampaio, também em Santana, Sesimbra. Vão adorar. Palavra de #lobo. 

Crédito da Foto: Food 52

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