Transmitir Amor através da comida

Cozinhar pode, e deve ser um acto de amor. Se fizermos um esforço de memória, quantos de nós, ao inicio de uma relação, se esmeravam, na hora de preparar uma refeição para a casa metade, num gesto que acabou por se desvanecer com o passar dos anos? Afinal, a rotina é uma armadilha cínica, e silenciosa. Pessoalmente, tento que, cá em casa, apesar da correria da vida moderna, todos os dias sejam especiais. Normalmente, é ao Domingo que planeio o menu da semana, e que costumo fazer a lista das refeições, e das compras do supermercado. Naturalmente que nem todas são feitas a partir de ingredientes caros, como lombo de vaca ou marisco, ou demoram 343434 horas a preparar.

Contudo, há, regularmente, um pequeno mimo e um gesto de afecto implícito em todas elas, nomeadamente através da inclusão de alguns dos pratos preferidos do meu Amor, ou na preparação de uma sobremesa. E, quando tenho algum tempo disponível, aventuro-me em receitas mais elaboradas, que cozinho aleatoriamente sem ele estar à espera. Depois, existem as ocasiões especiais, que tento, do ponto de vista culinário, não deixar que passem em branco, ao apostar em pratos diferentes e mais elaborados. Apesar de nem sempre ficarem perfeitos, a mensagem implícita (Amo-te), acaba por ser transmitida, que é o que mais importa.

No entanto, não é só nas relações a dois que a comida é importante, na hora de transmitirmos apreço pelos que nos são mais próximos. Ao convidarmos amigos, e demais familiares, para nossa casa, investimos tempo, e dinheiro, em compras de supermercado, e acabamos por gastar horas, e horas, entre tachos e panelas. Esta, é uma forma muito clara de mostrarmos o quanto são importantes para nós, e; quer queiramos, quer não, no momento da refeição, o ar de satisfação dos convidados, acaba por ser uma dupla recompensa.

A comida é, também, uma forma de criar memórias afectivamente gratificantes. Por exemplo, quantas vezes nos lembramos de um entre querido que já partiu, por gostar de um alimento em concreto, ou fazer, como ninguém, esta ou aquela receita? Acontece-me praticamente todos os dias, com a minha querida avó.

Uma boa refeição une famílias, cativa os mais pequenos, junta, à mesa, amigos com que não estávamos há meses. Acaba por ser um momento em que as pessoas têm realmente tempo, e disponibilidade, para se ouvirem umas às outras (caso deixem os telemóveis na mala). O acto de cozinhar é das mais intensas formas que conheço para dizer: “Amo-te”, “Gosto de ti”, “Aprecio a tua companhia”, “Ainda bem que vieste”, sem que haja, sequer, necessidade de contacto físico. Por isso, 5.75, não deixem que a vida vos passe ao lado, e que os dias sejam todos iguais. Cozinhem para quem vos é mais próximo, e, se não o gostarem de o fazer, passem no take away do Pingo Doce. O que conta é a intenção. Palavra de #lobo. 

Crédito da Imagem: Food 52

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