Sobre o desaparecimento do português nos Picos da Europa

De uma forma ou de outra todos nós achamos que somos imortais. Todos nós já alinhámos em parvoíces, já arriscámos, já pusemos a nossa vida em perigo. Das coisas mais idiotas que me lembro de alguma vez ter feito [sem ser por motivos amorosos], foi, durante uma viagem de mergulho às Maldivas, ter-me agarrado ao rabo de um tubarão baleia com 18 m de comprimento, e de ter afundado até aos 30 m com ele. Só parei porque o computador começou a apitar. Escusado será dizer que me afastei do Buddy e do restante grupo. Caso tivesse levado uma pancada do tubarão ou continuado a afundar, ia fazer sushi para os peixinhos coloridos. Quem é mergulhador sabe da dimensão da parvoíce que acabei de descrever. Podia ter-me custado a vida. Mas a adrenalina é uma sensação terrível e altamente viciante. Por isso, ao ler a notícia do desaparecimento de João Marinho, o montanhista português que se perdeu nos Picos da Europa, fiquei com o coração apertado. Praticante de BTT, Tracking e de outros desportos de aventura, é tido como um explorador nato. Neste tipo de actividades, o azar está sempre à espreita. Um acidente pode acontecer a qualquer um, e, na maior parte das vezes, nem é preciso arriscar muito. Por isso, quero deixar uma palavra de solidariedade à família e aos amigos do João. nem quero imaginar o sufoco de ter um ente querido nesta situação, em que todos os segundos podem fazer a diferença entre a vida e a morte. O Lobo está triste e a torcer para que esta não passe de mais uma história para contar aos netos.    

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