O Lobo das Arábias foi visitar a tia a Marrocos

É verdade meus caros, o Lobo das Arábias foi visitar a tia
a Marrocos e [infelizmente] já voltou.
Depois da saga do passaporte, aproveitámos o fim-de-semana prolongado e rumámos
a Marraquexe e a Essaouira. Uma vez que os voos a partir de Lisboa custavam uma
fortuna arabesca [passo a piada fácil], optámos por ir via Sevilha. Até aqui tudo muito certo, mas
havia uma questão fundamental a resolver: o estacionamento do carro. A opção
que o site da Ryanair nos dava era deixa-lo no aeroporto com um funcionário da
empresa de aparcamiento.Humm, será seguro deixa-lo com um
desconhecido??? Chave e tudo??? Será que não o vão levar para uma oficina de
Fernão Ferro e desmontá-lo às peças
??? ”. Estes pensamentos não paravam de
me atormentar a alma, mas, com grande esforço, lá os consegui ignorar e
despedi-me do meu querido veículo, rumo às montanhas do Atlas.
A viagem é rápida, demora 1:20h, e, pelas oito da matina, estávamos
a aterrar, pela primeira vez, no continente africano. Os Marroquinos são um
povo simpático e prestável, mas há que ter em atenção um pormenor muito
importante: são negociantes natos. Logo, é muito importante pesquisar na net o
preço dos produtos e dos serviços, para não sermos roubados. À bruta, sem dó
nem piedade. No que ao Lobo diz respeito, a ladroagem começou logo na loja de
câmbio do aeroporto, em que perdemos cerca de 5% na troca de euros por Dirhams [a moeda marroquina, por nós carinhosamente apelidada
de Didis]. Se os
tivéssemos cambiado na rua, teria sido muito mais barato. Depois, foi o táxi,
que nos deixou longe do Riad onde
iriamos ficar, o que fez que com ainda tivéssemos que pagar a um carregador
para nos ajudar a encontra-lo. Confesso que já estava desesperada. Sem comer,
sem dormir há 24 horas, sem fumar, a precisar de um banho quente, já tudo me
passava pela cabeça, porque o carregador também não encontrava o alojamento. Não
paravam de me ocorrer pensamentos como: “Será
que não existe? Será que fomos enganados??? Naaaa, deixa-te de coisas porque o
Booking é um site relativamente fiável
”. Finalmente, o Riad Mazaya lá
apareceu, e tenho-vos a dizer que parece saído de um conto das “Mil e Uma
Noites”. Trataram de nós como verdadeiros sultõezinhos. Até nos foram comprar
cigarros. Aconselho vivamente. Apenas há que ter uma coisa em atenção: o preço
das excursões que oferecem é muito elevado. Existem opções muito mais baratas,
mas já falamos sobre isso.
Marraquexe, também conhecida como “cidade vermelha”, ou “pérola
do sul” é uma cidade absolutamente F-A-B-U-L-O-S-A e ideal, tanto para uma
saída romântica, como para um grupo de amigos que se queira sair à noite a
curtir à grande. Mas esse assunto vai ter um post só para ele. Felizmente,
ficámos na Medina, local onde tudo se passa. A famosa praça Jemaa-el-fna, classificada como Património
Mundial da UNESCO, é absolutamente inacreditável. Durante o dia, multiplicam-se
as bancas de venda, que, à noite, se transformam num mega mercado de comida, cheio
de animação e música. Para quem, como o Lobo, gosta de Museus e cenas, a oferta
também é variada: Palácios; uma Madrassa
(ou escola corânica); a Mesquita da Koutoubia
ou o Museu da Fotografia, são locais a não perder .
A gastronomia também é
maravilhosa. Nós optamos quase sempre por jantar no mercado e por experimentar
os pequenos restaurantes da Medina, sem dar grande atenção aos guias. E não nos
arrependemos: Tajine de frango, cuscuz de legumes, espetadinhas; legumes
grelhados; kebabs, entre outras iguarias, fizeram as nossas delícias? E os
doces? Eu já sabia que os bolinhos muçulmanos eram maravilhosos, mas os de
Marrocos batem records. De figo, amêndoa ou pistacho, feitios numa espécie de nogat, são de ir ao céu. [comi tantos ou tão poucos que ainda residem nas minhas cochas].
E as quinquilharias? Se tivéssemos ido de carro, seguramente seria de
camião TIR, com o Lobo ao volante, carregado de tapetes, especiarias, candeeiros, brincos,
peles e, quem sabe, um ou dois camelos [ahhh, e a
senhora que tratava de nós no Riad, que era um amor de pessoa, apesar de não
falar um dromedário de inglês]. Mas como, infelizmente, só viajámos com bagagem de cabine [e os amigos da Ryanair não brincam em serviço], tive que me conter.
Para comprar qualquer coisa é preciso regatear e tentar baixar o preço para
metade. Isso eu já sabia. O que eu não sabia, é que tenho um jeito [e gosto] natural para a coisa, por isso cada recuerdo que trouxemos foi comprado com sangue, suor, lágrimas, didis e gritos. Depois mostro-vos as
comprinhas que fiz, em especial o épico “Viagra Berbere”, e aguardo opiniões sobre o preço das coisas. Mas não há
ilusões: O Hassan ganha sempre.
Como tínhamos algum tempo,
optámos por ver outra cidade, e a escolha recaiu em Essaouira, também património
da UNESCO. Se podíamos ter ido andar de camelo ou dormir ao deserto? Podíamos.
Se podíamos ter ido a Ouarzazate ver os
estúdios de cinema e a entrada do Sahara? Podíamos. Ir a Casablanca, Agadir,
Safim ou Fez também eram hipóteses viáveis, mas o tempo era escasso e a vida é
feita de opções. Assim sendo, rumámos à costa marroquina, a cerca de 200 km de distância.
No hotel, pediram-nos € 100 por pessoa para fazer a viagem [Só podiam estar a gozar]. Por
isso, optámos por ir de autocarro e fizemos a festa por € 14. Espetacular.  E as condições eram ótimas. Por isso, meus
5.75 leitores, se forem visitar a tia, a prima ou a sogra a Marrocos, decorem
este nome: Supratours. Fazem ligações rodoviárias no país inteiro.
Voltando a
Essaouira, é
uma cidade costeira absolutamente encantadora. Encontra-se rodeada por muralhas
e por um forte, construído pelos portugueses durante o século XVI, sendo,
atualmente, uma verdadeira Meca [olha a graçola
fácil novamente] dos desportos náuticos como o surf, o windsurf ou o kite. Virada
para o artesanato e para a arte de rua, está pejada de turistas ocidentais,
sendo considerada a melhor instância de praia de Marrocos. Infelizmente não
molhámos o pezinho porque estava frio e vento, mas, certamente, fica a próxima.
As palavras são poucas
para a viagem maravilhosa que foi. Não fosse o  voo de regresso ter-se atrasado duas horas [o que nos poupou ouvir a épica corneta da Ryanair na aterragem], e tudo teria sido
perfeito. Só no aeroporto é que me voltei a lembrar do carro. Felizmente, não
tinha sido desmantelado pelo Fanã. Estava
à nossa espera e ainda o tinham lavado. E nem reclamaram pelo atraso. Serviço
perfeito, 5*. Recomendo vivamente.
Muito ficou por ver, o que
não deve ser um motivo de lamento, mas sim uma razão para voltar
.

PS – As fotos seguem
dentro de momentos. 

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