Sou
adepta [fervorosa] do Futebol Clube do Porto. Desde que
me conheço por gente, o meu coração só tem uma cor: azul e branco. Sempre que
posso, e porque o estádio do Dragão fica um bocadinho fora de mão [rima
e é verdade], vou ver o
meu Porto quando joga em Lisboa. De plumas, lantejoulas, e cachecol em riste,
sento-me, tranquilamente, a torcer pela minha equipa. Em geral a coisa corre
bem. Ignoro os olhares de nojo à minha volta, finjo que eu e os demais adeptos
dos Dragões somos os únicos presentes no estádio e grito como se não houvesse
amanhã.
adepta [fervorosa] do Futebol Clube do Porto. Desde que
me conheço por gente, o meu coração só tem uma cor: azul e branco. Sempre que
posso, e porque o estádio do Dragão fica um bocadinho fora de mão [rima
e é verdade], vou ver o
meu Porto quando joga em Lisboa. De plumas, lantejoulas, e cachecol em riste,
sento-me, tranquilamente, a torcer pela minha equipa. Em geral a coisa corre
bem. Ignoro os olhares de nojo à minha volta, finjo que eu e os demais adeptos
dos Dragões somos os únicos presentes no estádio e grito como se não houvesse
amanhã.
Em minha defesa tenho a dizer que não me meto com apoiantes da coletividade
adversária nem entro em provocaçõezinhas. Para me assegurar de que a coisa
corre com relativa tranquilidade, opto sempre por lugares na central, por
serem, em teoria, mais sossegados. Foi o que aconteceu há uns tempos atrás no
aniversário do meu irmão. Comprei, de surpresa, dois bilhetes para um
Benfica-Porto, um dos primeiros da época. Ao pescoço levava um cachecol que
dizia “Porto, Campeão Europeu”. O jogo decorreu com relativa tranquilidade e
terminou com um empate. Quando estávamos a sair do estádio, passei por um
adepto do Benfica que me diz: “ Guarda já o cachecol. Aqui pode ser perigoso”.
Ainda não tinha tido tempo de lhe responder quando um tipo de mau aspeto, com
poucos dentes na boca, se aproxima de mim, deita-me as mãos ao pescoço,
arranca-me o cachecol e queima-o numa verdadeira pira de merchandising do FCP. E ainda teve a lata de gritar: “Já não há
respeito”. Confesso que, aqueles, foram os cinco segundos mais longos de toda a
minha vida, já que congelei até perceber as verdadeiras intenções do fanã. Por momentos, tive a certeza que
me ia fazer mal. O meu irmão, e dois amigos que vinham connosco, também eles sócios
do SLB, mal se aperceberam do que aconteceu, já que caminhavam uns metros mais
à frente. Pedi-lhes para sairmos dali o mais rapidamente possível. Não queria voltar a olhar para aquelas pessoas nem voltar aquele sítio. Ainda estava a tremer. Felizmente não passou de um susto, sem consequências de maior. Mas
ficou uma história para contar e um sentimento de pânico inesquecível. A prova
viva de que “existe limite para tudo, menos para a estupidez humana”. Atrás de
mim vinha um rapaz com a camisola do Porto. Até hoje estou para saber o que lhe
aconteceu.
adversária nem entro em provocaçõezinhas. Para me assegurar de que a coisa
corre com relativa tranquilidade, opto sempre por lugares na central, por
serem, em teoria, mais sossegados. Foi o que aconteceu há uns tempos atrás no
aniversário do meu irmão. Comprei, de surpresa, dois bilhetes para um
Benfica-Porto, um dos primeiros da época. Ao pescoço levava um cachecol que
dizia “Porto, Campeão Europeu”. O jogo decorreu com relativa tranquilidade e
terminou com um empate. Quando estávamos a sair do estádio, passei por um
adepto do Benfica que me diz: “ Guarda já o cachecol. Aqui pode ser perigoso”.
Ainda não tinha tido tempo de lhe responder quando um tipo de mau aspeto, com
poucos dentes na boca, se aproxima de mim, deita-me as mãos ao pescoço,
arranca-me o cachecol e queima-o numa verdadeira pira de merchandising do FCP. E ainda teve a lata de gritar: “Já não há
respeito”. Confesso que, aqueles, foram os cinco segundos mais longos de toda a
minha vida, já que congelei até perceber as verdadeiras intenções do fanã. Por momentos, tive a certeza que
me ia fazer mal. O meu irmão, e dois amigos que vinham connosco, também eles sócios
do SLB, mal se aperceberam do que aconteceu, já que caminhavam uns metros mais
à frente. Pedi-lhes para sairmos dali o mais rapidamente possível. Não queria voltar a olhar para aquelas pessoas nem voltar aquele sítio. Ainda estava a tremer. Felizmente não passou de um susto, sem consequências de maior. Mas
ficou uma história para contar e um sentimento de pânico inesquecível. A prova
viva de que “existe limite para tudo, menos para a estupidez humana”. Atrás de
mim vinha um rapaz com a camisola do Porto. Até hoje estou para saber o que lhe
aconteceu.