Crónicas do Myanmar: A Road to Mandalay – Parte I

Após a mais incrível das viagens, de Bagan pelo rio Irrawaddy, a chegada a Mandalay foi magnânime, com os seus setecentos templos dourados, e a majestosa “old Moulmein Pagoda”, do poema do Kipling, a dominar a paisagem. Devo confessar que, esta, era uma das cidades que mais tinha curiosidade em conhecer, quer pela beleza dos templos, quer por ter sido imortalizada no poema Road to Mandalay. Capital, entre 1860 e 1885, do ultimo reino independente birmanês, congrega a imponência monumental com o toque colonialista inglês do século XIX. Chegámos pelas 17.00h, absolutamente exaustos pela noite mal dormida. O hotel, escolhido no Booking, o  Royal Yadanarbon Hotel, era um misto de kitch grotesco com “requinte” asiático. Limpo, com um bom pequeno-almoço e um staff muito simpático. Uma vez que tínhamos pouco tempo para visitar a cidade, apenas duas noites e um dia completo, o que foi, claramente, um erro, optámos por alugar, por vinte dólares, um carro com motorista, tendo frisado que queríamos visitar, apenas, os pontos mais importante e evitar lojas e afins, que não passam de “tourist traps”, que é como quem diz: Armadilhas para turistas.Assim, às oito em ponto, o nosso motorista estava à porta do hotel. Após uma curta negociação em relação ao itinerário, a primeira paragem aconteceu no  Mahamuni Buddha Temple, o templo mais famoso da cidade e um dos maiores centros de peregrinação de todo o Myanmar. Construído no ano de 1785, tem como principal ponto de atracão uma magnífica escultura de Buda, a qual, de acordo com a tradição, é uma das únicas cinco imagens realizadas durante a vida do próprio Sidarta Gautama, representado, na perfeição, a sua fisionomia. Com cerca de 2500 anos de existência, é feita em bronze, pesando mais de 6,5 toneladas. Diariamente, centenas de crentes, do género masculino, já as mulheres não se podem aproximar, cobrem-na com pequenas folhas de ouro, vendidas dentro do templo, o que originou um aumento, em cerca de seis vezes, do volume da escultura em relação ao tamanho original. Impressionante. No exterior, o processo pode ser acompanhado, em tempo real, através de um ecrã, onde se junta a ala feminina para rezar. Uma vez que tivemos a sorte de apanhar as festividades do Thadingyut, último dia do calendário budista, assistimos ao auge das celebrações, com procissões e outras manifestações religiosas. 

Mahamuni Buddha Temple – Informações Úteis:

Morada: Amarapura, Mandalay, Myanmmar

Website: Tripadvisor

Horário: 04:30 – 21.00h.

Preço da entrada:  3 euros (5000 Kyats)

Em seguida, rumámos ao Mahagandayon Monastery, um dos maiores mosteiro do Myanmmar, onde estudam mais de dois mil monges, que, todos os dias, pontualmente às dez da manhã, recebem ofertas das centenas de turistas e de devotos que os visitam. Organizados em fila indiana, numa espécie de desfile acompanhado pelo toque de tambores, os pequenos monges, após encherem as taças, dirigem-se ao almoço colectivo, que é outra das grandes atracções do espaço. Confesso que, apesar de ter gostado, já que foi a primeira vez que vi tantos budistas juntos, achei demasiado turístico. No entanto, valeu a pena, sobretudo pela cor e agitação da cerimónia. Outro dado curioso, e de que nos apercebemos, com dificuldade, através do inglês pouco fluído do nosso motorista é que o Myanmar é o país do mundo com a maior proporção de monges por habitante, sendo, estes, elementos importantes, e venerados, da sociedade. Uma vez que a taxa de pobreza é elevada, muitas famílias enviam os seus filhos para a vida religiosa para ter acesso a uma educação gratuita, podendo voltar à sociedade civil após concluírem os estudos. 

Mahagandayon Monastery – Informações Úteis:

Morada: Bahan Rd, Yangon, Myanmar

Website: Tripadvisor

Horário: 10.00h

Preço da entrada: Gratuita Mesmo apesar de termos implorado para evitar a tour turística, caímos na ratoeira de visitar a oficina Aung Nan Myanmar Handicrafts. Trabalho na madeira, tapeçaria, tecelagem, calhou-nos de tudo. E, a muito custo, lá evitámos a parte da fundição de ouro e da ourivesaria, porque nos chateámos à séria. Enfim, com tanto templo bonito para ver na cidade do Kipling, só nos falava a armadilha mais velha do mundo A “tour” durou, praticamente, o resto da manhã e, por quase uma hora, lá andámos entre uma oficina e outra, a observar a perícia dos artesãos que é, verdadeiramente, incrível, e verdadeiramente tocante, já que as pessoas são mega simpáticas e fazem questão de tentar explicar, com orgulho, os pormenores do seu trabalho. Esta verdadeira visita guiada, culminou , como seria de esperar, na loja, que vendia artigos a preços absolutamente inflacionados. Só para terem uma pequena ideia, uma máscara, em madeira, de Buda, que se compra, facilmente, no mercado por trinta ou quarenta euros, custava 500 dólares. Nem em Paris. Ainda assim, vimos turistas americanos a comprar como se fossem pãozinhos quentes. Espectacular.  Questionei-me sobre quanto ganharia o artesão que a produziu? 5 euros? Não me importo de pagar um pouco mais, mas não admito ser roubada ou distribuir o dinheiro por quem menos precisa, pelo que saímos sem comprar absolutamente nada e super indignados com o nosso motorista. Mas, é a lei de Murphy. Na realidade, éramos turistas que acabaram por fazer coisas para turistas. E, sim, era mais do que óbvio que o nosso guia estava à espera da sua percentagem, caso caíssemos no barrete. Esquemas. No entanto, devia ser um local realmente conhecido, já que estava repleto de fotos da visita de famosos, como o Dalai Lama, a presidente Aung San Suu Kyi, a Merkle, ou o Obama. Só faltava a do Marcelo. Terminado o tour,e já a desfalecer de fome, lá imploramos para sair dali, e encontrar um restaurante que não fosse mais uma “tourist trap”. ( Não fujam: To be continued)

Aung Nan Myanmar Handicrafts– Informações Úteis:

Morada:  Warehouse, Pyitawthar Quarter, Chanmyathazi Township, Mandalay Myanmar

Website: Site Oficial

Horário: Não indicado.

Preço da entrada: Gratuita 


Viaje comigo pelo Myanmar:

Irrawaddy: Um rio de Bagan para Mandalay

Bangan e os seus inacreditáveis três mil templos

Yangon: A Capital Dourada de Burma

One Comment

  1. Que fotos e relato maravilhoso, vou seguir-vos. Parabens

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