Rabanadas: A receita de Maria de Lurdes Modesto

Caros 5.75 leitores, uma das memórias natalícias que mais me aquece o coração é a da minha querida avó a fritar “fatias albardadas”, como lhes chamava,  e eu a comê-las em catadupa. De facto, este doce, cuja designação varia de região para região, entre rabanadas, fatias paridas ou fidalgas, surgiu, basicamente, da necessidade de reaproveitar pão duro.

De acordo com a pesquisa que fiz no Dr. Google, a primeira referência a esta iguaria, data do famoso livro de receitas da Roma Antiga, datado do século I d. C., da autoria de Marco Gávio Apício, que indica uma forma de demolhar pão em leite, frita-lo em azeite e regá-lo com mel. 

Já no século XV, o poeta espanhol Juan del Encina refere que as rabanadas devem ser preparadas com muitos ovos para recuperação das grávidas no pós parto, sendo a receita, igualmente, mencionada por autores castelhanos, no livro de cozinha de Domingo Hernández de Maceras (1607) e na “Arte de cozina, pastelería, vizcochería y conservería” de Francisco Martínez Motiño (1611).  

Denominadas torrijas ou torradas, já no século XX, começam a ser servidas nas tabernas de Madrid, acompanhadas por um copo de vinho, encontrando-se associadas, inclusivamente, às celebrações da Páscoa e da Semana Santa em países latinos como o México. Também na Europa, existem algumas variantes como a “French Toast”, muito popular no Reino Unido, ou o “Pan Perdu” em França. 

Ao elaborar, em 1960, a “Grande Enciclopédia da Cozinha”, Maria de Lurdes Modesto refere que, em termos genéricos, a rabanada é uma fatia de pão que, “depois de bem molhada em leite e ovos é frita”, mencionando, na sua “Gastronomia Tradicional Portuguesa”, de 1982, que *As rabanadas, do Mondego para cima, são usadas em todas as terras”, demonstrando, assim, a popularidade, e transversalidade, deste doce.

Com calda, e sem ela, com especiarias, vinho do porto ou mel, encontrei várias receitas, mas optei pela mais simples, por aquela que mais se assemelha à que a minha querida avó usava para aproveitar as carcaças duras, da autoria de Maria de Lurdes Modesto, que ousei adaptar para a Bimby:

Ingredientes

  • 1 Kg de Pão de forma (de véspera)
  • 350 Gr de leite gordo
  • 150 Gr de Açúcar branco
  • 4 Ovos
  • Canela em pó, Q. B.
  • 1 Casca de Limão
  • Óleo para fritar

Preparação - Bimby

  1. Coloque no copo o leite, 80 gr açúcar e a casca de limão, e programe 5 min/ 120º C/ Vel.  Colher Counterclock   
  2. Deixe arrefecer durante, pelo menos, 30 minutos.
  3. Coe com o cesto.
  4. Passe as fatias pelo leite, e, em seguida, pelos ovos bem batidos e frite em óleo bem quente.
  5. Quando estiverem mornas, polvilhe com o restante açúcar e canela em pó. Bom apetite.

Preparação - Fogão

  1. Numa caçarola, ferva o leite, com 80 Gr de açúcar e a casca de limão,
  2. Deixe arrefecer durante, pelo menos, 30 minutos.
  3. Coe usando um passador de rede fina.
  4. Passe as fatias pelo leite, e, em seguida, pelos ovos bem batidos e frite em óleo bem quente.
  5. Quando estiverem mornas, polvilhe com o restante açúcar e canela em pó. Bom apetite.  

Nota: Os mais gulosos podem juntar uns fios de ovos que ficam divinais. 

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