Travel Report # 1 – A Crónica da Guilhim sobre a viagem em “Terras de Sua Majestade”

É com uma enorme alegria que o Lobo vê a sua grande amiga Guilhim, do Blog Ver(de)Agua, inaugurar esta nova rúbrica. Muito obrigada, estou cheia de saudades. 
«O Lobo, companheiro de
viagem vai para oito anos, desafiou-me para falar de um destino. Tarefa
difícil. Felizmente as viagens que faço são quase todas óptimas experiências.
Não tendo tantos carimbos na caderneta quantos o Lobo, tenho a sorte de já ter
espreitado uma meia dúzia de cantinhos da nossa ervilha azul. A questão passa a
ser como escolher. Locais distantes e exóticos ou destinos banais mas com
história… Decidi-me pelas segundas. Nos últimos anos poderia escolher entre
Barcelona – a primeira viagem a dois -, Londres e Escócia – como a viagem mais
low budget de todos os tempos -, ou Holanda – a primeira viagem a três. Como é
no meio que está a virtude decidi-me pela visita ao País de Sua Majestade.

Ponto prévio: as nossas
viagens põem o “low” no “cost”! Basicamente, não temos um chavo, mas gostamos
de viajar. Poupamos o que conseguimos; os presentes de natal de aniversário são
convertidos em bilhetes de avião e estadias; viajamos na época baixa (e à conta
disso rapamos um frio descomunal). No que falta, puxamos pela imaginação e
pelas connections (onde houver um sofá disposto a nos acolher nós aceitamos).
Comemos no supermercado, andamos a pé que nos fartamos e não damos suvenires a
ninguém! Na viagem a Londres-Glasgow-Edinburgo-Arran Island levamos a coisa ao
extremo. Mas vamos lá dar o pontapé de saída à coisa.
Ora, em 2012 era
imperativo sair para ir arejar ideias! Defendi a tese de doutoramento logo no
início do ano e pouco depois disso perdemos o nosso Bogas. Estava tudo mais ou
menos caótico, portanto. A escolha do destino inicial – Londres – estava feita
por defeito porque a minha irmã estava a viver por lá mas resolvemos dar uma
incrementada na experiência. Olhamos para o mapa e resolvemos que queríamos
espreitar a Escócia. Normalmente, só nas vésperas de abalarmos é que compramos
o guia do destino (da American Express) e vamos durante a viagem a olhar para
ele para fazermos termos uma ideia do que queremos fazer. Assim, no que
respeita a Londres no essencial tínhamos a rota definida e sempre na lógia do
gastar pouco o que em Londres é fácil. Há um sem fim de bons museus (nós
gostamos de museus e em particular de arte) que são gratuitos e há passes de
metro e autocarro combinados (oysters) que saem muito em conta. Vai daí e
dividimos a cidade e visitamos o que queríamos em 2-3 dias:

–       Hyde Park: dá
para relaxar enquanto se atravessa grande parte da cidade e é lógico, não se
paga nada;

–    Portobello e
Notting Hill: é o turistame acamado mas dá para lavar as vistas com coisas
giras;

–      St. Paul’s
Cathedral: uma das melhores vistas de Londres! Dá para sentir o peso da
história e sair com a sensação de que se aprendeu alguma coisa. Paga-se mas é
pouco;

–   Tate Modern:
FUNDAMENTAL! É uma galeria fantástica mesmo para quem não é artista (que é o
meu caso) e para os artistas serve de recreio (o caso do meu homem). Passa-se
lá um dia inteiro e por isso é preciso ter cuidado para não desperdiçar horas
que estejam contadas. Cereja no topo do bolo: para visitar as exposições
permanente não se paga;

–     National Portrait
Gallery: ali mesmo ao pé de Trafalgar Square. É giro e grátis;

–    Piccadilly
Circus: muita gente e muito movimento;

–   London Tower;
London Bridge; Globe Theater; Houses of Parliment; Big Ben…: vimos tudo de
fora, ora porque se pagava ou porque estavam filas épicas de gente.

–    Ainda fomos à
City, andámos um bom bocado em Southbank no Queens walk e claro demos aos
mercadinhos vintage que se encontram…

Possivelmente falta alguma
coisa…

Para além dos cromos da
caderneta sabíamos que ainda queríamos comer um bom fish ‘n chips e uma pint n
um pub. O único almoço que não fizemos a partir das prateleiras do Sainsbury ou
de um Tesco foi num pub. Cada um de nós aproveitou para pedir uma especialidade
inglesa e viemos de lá de barriguinha cheia. Numa das noites em que lá
estivemos jogava o Benfica contra o Chelsea. Como a casa da minha irmã ficava a
meia dúzia de metros do Stamford Bridge apercebemo-nos de toda a emoção e
movimentação típica dos adeptos ingleses e ainda passamos pela experiência de
sermos barrados em todos os sport pubs de Chelsea por sermos Benfica fans… Lá
descobrimos um que, por não ser um pub desportivo, nos deixou ficar e beber
umas bejecas
.

Depois destes dias fomos
de comboio rumo a norte para vermos alguma coisa da Escócia. A viagem por si só
já é parte da experiência. Durante as 4 ou 5 horas são hectares de verde,
ovelhas, casas rústicas e mais o que se possa imaginar. O nosso destino era Glasgow. Porquê Glasgow? Porque para além de central, de ter uma boa rede de transportes
é menos turística e por isso, mais barata no que diz respeito ao alojamento. A
cidade em si tem pouco que ver – o cemitério medieval, a galeria de arte
moderna, a catedral, o canal e pouco mais – e não é especialmente bonita mas,
ainda assim, dá um bom dia de visita. O grau da nossa pelintrisse revelou-se no
dia da nossa chegada… Não tínhamos uma faca para prepararmos as refeições que
fazíamos com o que comprávamos no supermercado, por isso resolvemos ir a uma Pizza
express (uma espécie de telepizza no requinte e qualidade) para pedirmos a
pizza mais barata que houvesse e roubarmos a faca para os dias seguintes. O
cúmulo foi ter-me esquecido de deixá-la algures e tê-la comigo no check point
do aeroporto…
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