Um país de brandos costumes… para tudo menos para dar na tromba da esposa

Dizem que somos um país de brandos costumes. E efetivamente somos. Depusemos a ditadura mais longa da Europa sem derramar uma gota de sangue. Chegámos à bancarrota, fomos resgatados pelo FMI, fomos roubados pelos nossos políticos, quase falimos novamente por causa de banqueiros corruptos. E continuámos a ser um país de brandos costumes. Isto da porta do lar para fora. Porque da porta de casa para dentro há quem se revele um pequeno guerreiro, um pequeno herói, pronto a pegar em armas e a lutar… contra a própria família. De acordo com a “Grande Reportagem”, “O Amor não Mata”, que passou, há pouco, na SIC, já morreram, desde Janeiro, em Portugal, seis mulheres vítimas de violência doméstica. Em 2014, quarenta perderam a vida às mãos dos maridos, dos namorados, dos companheiros. Na verdade foram assassinadas pelas pessoas com quem escolheram partilhar a vida. Aquelas que deveriam ser as primeiras a ama-las, a protege-las. Muitas sofreram anos a fio. Viveram em clima de pânico, temeram pela vida dos filhos. E a nossa sociedade não foi capaz de as salvar. É assustador. Assustador e revoltante. Se refletirmos no assunto, de uma forma ou de outra, todos nós já contactamos com um destes casos ou fomos vítimas de algum tipo de violência. Dá que pensar. Algumas destas mulheres eram licenciadas. A maior parte era financeiramente independente. Mas sofreram em silêncio. Por medo, por vergonha, por não querer admitir que o casamento falhou. Arranjaram mil motivos para se enganar a si próprias, quando, na realidade, só estavam a encobrir o agressor… até ao desfecho final. É triste, muito triste. É impossível não ficar com o coração apertado quando se ouve a história de Idalina, 68 anos, que matou o marido com o machado para não ser morta. Foi espancada durante mais de quarenta anos. Como é que é possível?? Sei que, um dia, a sociedade vai, eventualmente mudar. Até lá, cabe a cada um de nós denunciar a violência doméstica. Para que estes pequenos “heróis” deixem a família em paz e vão guerrear…. atrás das grades junto a marmanjos de 1,90m. Isto sim, é lutar pela igualdade de género. 
PS – Para refletirem melhor sobre o assunto, oiçam este tema do Gabriel, escrito a pensar nestes “Filhos da P*TA”.  

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