Um Dia Mau

Ontem acordei com vontade de cortar os dois pulsos. Passei uma noite horrível,
sem dormir, cheia de dores no corpo. Os analgésicos acalmaram-nas durante o dia, mas voltaram à noite, acompanhadas pela amiga febre. Dormitei
antes do jantar, mas acordei como se estivesse dentro de um barco, a navegar,
algures, entre os icebergues da Gronelândia. Quanto mais me mexia, mais enjoada
me sentia, e mais o estômago me doía. Obriguei-me a levantar. Após a décima
nona tentativa, decidi que a P*ta da dor não ia levar a melhor. Afinal, o Lobo
sou eu. Não havia nada para jantar em casa, e tinha que me obrigar a comer,
pois também me sentia a desfalecer [quer dizer, o
congelador até estava a abarrotar, mas não tive coragem para cozinhar]. Precisava baixar a
febre, mas também não haviam Benurons.
“Esta casa parece um campo de refugiados, mas com estantes de sapatos”, pensei.
Arrastei-me até ao carro e fui a casa dos meus pais. A minha mãe obrigou-me a
tirar a febre: 38ºC. Espectacular. Enfiou-me um Paracetamol goela abaixo, assim
como o caldo da massa de peixe. Realmente, mãe só há uma. A coisa lá começou a
melhorar. Volto para casa com sacos cheios de fruta, leite e outros alimentos
apropriados à minha condição de moribundo, e tento descansar. A febre volta a
subir. “Vou tentar um Brufen”, pensei.
Passada uma hora, a dita volta novamente a baixar. “Já me sinto com fome. Excelente
Sinal”. Deito—me e finalmente consegui dormir, com a esperança que o dia
amanhecesse bonito e com passarinhos a cantar.

Enganei-me. Voltei a acordar
com febre. E com isto avizinha-se o segundo “Dia Mau”. Espetacular.     

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