«O Monstro Precisa de Amigos, foi no fundo a concretização da operação minimização do ego maximizado, ou “O.M.E.M”. Ele precisava do que todos um dia precisamos. De perceber que há coisas que são só coisas, que há amores que valem a espera, que há coisas que não se fazem, ou desfazem. Talvez o cão estivesse errado, mas teve de sofrer, muito, para perceber que para estar bem é preciso fazer bem. Se não mais do que sós, como na letra S [de Solidão], vivemos sós e com pesadelos. Era o que Manuel Cruz nos dizia, que nada era fácil, nunca tinha sido. Mas que o dia é hoje, mas volta amanhã. Que o mundo nos dá a oportunidade de fazer melhor, optar pelo bem, amar, sem merdas, sem ego, com um bocadinho menos de ego. É que o ego às vezes é tão sedento de si, que se torna autofágico. E quem é que quer ser autofágico? Quem é que quer voltar a estragar o amor por um beijo igual a mil? «E não foi assim que o tempo nos fez e fez assim com todos nós. E não foi assim que a razão nos amou e fez assim com todos nós». (“Coisas”). »
“O monstro precisa de amigos”. Na realidade, todos precisamos!
Por Miguel Leite, tirado Daqui