Crónicas do Myanmar: Pa Daung – As Mulheres “Girafa” do Inle Lake

Caros 5.75 leitores, tal como tive oportunidade de referir, um dos aspetos mais relevantes da minha viagem ao Myanmar foi, sem sombra de dúvida, a incrível oportunidade de contactar com a população e emergir na história, e na cultura, do país.

De acordo com dados governamentais, existem 135 etnias no país, de que, sem sombra de dúvida, os Padaung ou Kayan Lahwi, de ondem provêm as famosas “mulheres girafa”, são uma mais conhecidas, pelo que, quando, durante a visita ao Inle Lake, nos levaram a vê-las, não fiquei, propriamente, surpreendida.

Originárias das montanhas do sudoeste do país, usam, desde tenra idade, anéis de bronze no pescoço, que se acreditam estarem associados à beleza feminina. Assim, quantos mais uma mulher tiver, mais bela será. Ao contrário do que se pensa, se os tirarem não morrem, mas a musculatura do pescoço fica enfraquecida. Pelo que percebi, costumam dedicar-se à tecelagem, e é comum vê-las em mercados e lojas da região. 

Supostamente, o local onde as vimos, tem por objetivo valorizar a herança cultural desta etnia, contornando a exploração turística gratuita. Se, por um lado, não cobravam bilhete ou pediam dinheiro, por outro, era uma espécie de loja que vendia artesanato, onde o preço dos artigos estava super inflacionado.

Devo confessar que me senti super incomodada, sobretudo quando vi uma criança, pelo que não gastámos um único cêntimo. De acordo com a tradição, os anéis começam a ser usados aos nove anos e, com vinte e cinco, o pescoço adquire a forma final, sendo retirados, apenas, à noite, para dormir.

Descendendo, diretamente, de famílias com ascendência tibetano – birmanesa,  com a guerra civil, durante as décadas de 80 e 90 do século XX, muitas Padaung fugiram para a fronteira com a Tailândia, tendo-se, nos campos de refugiados, tornado uma atração pelo seu aspeto exótico. 

Apesar de muito comuns nos locais mais turísticos do Myanmar, como Bagan ou o próprio lago, para quem quer emergir nesta cultura, o ideal é visitar o estado Kayah, nomeadamente a capital Loikaw, onde vivem mais de vinte mil pessoas. Basta consultar o guia do viajante para esta região.

Apesar de não termos tido oportunidade, que é como quem diz: tempo, para visitar a cidade natal das Padaung, confesso que fiquei fascinada com estas mulheres, e com uma enorme vontade de descobrir mais sobre a sua cultura. Ainda tentei comunicar, mas infelizmente, não falavam inglês. Sem perceber como, o nosso tempo tinha chegado ao fim, e, num ápice, tivemos que sair, porque o dia já ia a meio e ainda havia muito lago para visitar. 

(Não fujam: To be continued). 

Não perca a crónica anterior:

Crónicas do Myanmar: Descobrir o Inle Lake – Parte II

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