Crónicas da India # 10 – Mumbai

Concluída
a visita a Varanasi , a “Cidade dos Mortos”, seguimos para a mítica Munbai,
cenário do famoso filme: “Quem Quer Ser Milionário?”. Uma vez que a distância é
significativa, cerca de 1500 km, optámos por voar, ao invés de enfrentar o
temível comboio indiano, e demorar cerca de 24 horas a lá chegar. O alojamento
estava garantido, já que a E., amiga de uma amiga, fazendo jus à tão aclamada
hospitalidade indiana, nos deu guarida, e, assim, conseguimos poupar algum
dinheiro.
Com
mais de 22 milhões de habitantes, Mumbai é a maior cidade da India, e, também, a
mais povoada onde alguma vez estive. Possuindo um ambiente perfeitamente
ocidentalizado, em que o lixo e as vacas escasseiam, permitiu-me, pela primeira
vez em duas semanas, usas calças de ganga. Até me vieram as lágrimas aos olhos
quando me vi enfiada em roupa dita normal.
Passo o Cliché, mas só damos importância
às banalidades [essenciais] do dia-a-dia quando somos privados delas. Rodeada por dezenas de favelas, as Slums, é uma
cidade para ser vivida, em que a noite, os restaurantes, e os mercados
consistem em importantes atracções.
Apenas
dispúnhamos de dois dias, por isso tivemos que ser pragmáticos, e optámos pela
visita às Elephanta Caves, que são património da Humanidade, pelo chá das cinco no
mítico Taj Mahal Palace Hotel , o tal que foi atacado em 2008, pela tour na
zona de Colaba,
e pela incursão a uma das favelas, não esquecendo a cerveja da praxe no Leopold, o café mais antigo da cidade, que
também foi atacado em 2008.  De salientar o luxo extremo do Taj
Mahal, que por 1200 Rupias (cerca de 17 euros), nos oferece um buffet
absolutamente inesquecível. Mais uma vez, os meus olhos encheram-se de
lágrimas. Após dias e dias de comida duvidosa, em locais que seriam entaipados
pela ASAE, o luxo e o conforto desfilavam à minha frente. Perdi a vergonha, e
fui enchendo os pratos com tudo quanto pude, [mesmo apesar do olhar de censura de
uma família árabe, que devia estar a comentar a minha falta de educação. Caguei
para eles. Os dias de miséria tinham acabado.].
Apesar da
escassez de tempo, os dias passados em Mumbai não me dececionaram nem um pouco,
sendo que a escolha do best of se revelou uma aposta ganha,
pois, com a ajuda do Lonely Planet, a bíblia das viagens, conseguimos  visitar tudo por nós próprios, o que se traduziu por uma
poupança de 1000 rupias, cerca de 14 euros. Consegui fazer umas comprinhas,
adorei o espírito cosmopolita indiano, achei curioso haver carruagens
específicas para homens, e para as mulheres, as quais têm o objetivo evitar o assédio
e as tentativas de violação, que, infelizmente, são comuns para aqueles lados. 

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