um QI elevado [quem o diz não sou eu, é o Diário de Notícias ]. Por isso, já sabia que, quando
fosse ao armário [salvo seja] escolher um novo look, os meus Comentadores Incríveis haveriam, mais uma vez,
de sair da toca. O que não é necessariamente mau, já que fazem o favor de nos proporcionar
uns momentos de divertimento, e à borla. Ora bem, vamos, então, ao que
interessa. A escolha de hoje recaiu numa Senhora: a ” Velhaca, Bastiã da Moral e dos Bons Costumes”. Vá meus
5.75 leitores, sejam cavalheiros, desviem-se e deixem-na passar. Damas
primeiro. Guardem os assobios e venham daí essas palminhas. A comentadora merece. A luta foi renhida, mas conseguiu destacar-se, com algum mérito, dos outros imbecis congéneres. Para o efeito, brindou-nos com estas pérolas moralistas, dignas de uma verdadeira Dona Doroteia dos tempos modernos:
“Cara Lobinha: Preocupa-se muito com trapos, com ginásio, com sapatos. É um issulto para as mulheres de trinta anos. Um mau exemplo. Deiva mas era estar a ocupar o tempo a dar de mamar aos filhos e a tratar do marido. Por isso é que este país está como está. Não há respeito pela familia”.
Clap. Clap. Clap. Minha senhora, porque é que não nos conhecemos há quinze anos atrás? Com a sua orientação moral, já teria arranjado um rancho de uns dez ou quinze filhinhos. Ahh e todos do mesmo pai: o meu Manel, rapaz trabalhador e pai de família. Quando chegasse a casa, cansado de vergar a mola para nos sustentar, ia ter o jantar feito, os meninos tratados e os chinelos à sua espera. Isso e uma esposa, em robe, de sorriso nos lábios. Já viu que vida bonita? Era a alegria da pobreza. Parece que estou a ver: Quatro paredes caiadas, um cheirinho a alecrim , um cacho de uvas douradas, duas rosas e um lambrim [com o S. José de azulejos]. E, se a senhora, humildemente, batesse à porta, sentava-se à mesa com a gente. Ai, que bonito. Só de pensar, até me caiu uma lagrimita dos olhos. Por isso, e pela imbecilidade do seu comentário. Tenha juízo. Venha para o século XXI. É por causa de gente assim, que ainda pensa que o lugar da mulher é na cozinha, atrás do fogão, que ainda vivemos numa sociedade machista e preconceituosa. Pois olhe, permita-me retribuir a sua observação, com um conselho útil para o resto da vida: Passe no cabeleireiro, arranje esse cabelo [mise não vale], tome um banho de loja, largue as amigas da quermesse e arranje um rapazinho de vinte anos para beber uns copos. Vai ver que se sente logo outra. E escusa de me agradecer. Eu sou uma alma boa e generosa e não me importo de ajudar o próximo [por mais idiota que seja].