Caros 5.75 leitores, apesar de existirem dezenas de blogs com fotos maravilhosas de destinos paradisíacos, dicas, e afins, parece-me que há uma lacuna enorme no que respeita à ética do viajante, e à necessidade de respeitarmos a cultura dos outros quando nos tornamos hóspedes em país alheio. A falta de pesquisa, os pré-conceitos, e, até, a má educação, podem transformar o que seria uma viagem de sonho num autêntico pesadelo, isto para não falar em eventuais ofensas desnecessárias aos habitantes locais. Quantas vezes ouvimos histórias sobre alguém que tocou numa vaca na Índia, ou decidiu vestir-se de forma inadequada, num país muçulmano? Na maior parte dos casos, nem é por ignorância, mas por teimosia, sob o argumento de que vivemos num mundo livre, em que cada um deve fazer como bem entender. Lamento ser eu o mensageiro, mas as coisas não funcionam assim, até porque, não raras vezes, existem leis que obrigam a agir de determinada forma, e a “esperteza saloia” pode desencadear um monte de sarilhos desnecessários. Assim, para que não caiam em erros dispensáveis, eis algumas dicas essenciais para prepararem a vossa viagem e certificarem-se de que vão respeitar a cultura alheia:
1. Aprender a linguagem básica: Não estou a sugerir que façam um curso de mandarim ou japonês, mas, aprender palavras básicas como “Obrigada”, “Por Favor”, ou “Adeus”, é simpático e ajuda-nos a ambientar num país estrangeiro, sendo que os locais vão entender e apreciar o esforço.
2. Respeitar a forma de vestir: Esta é uma regra elementar. Pesquisar sobre o dress code de cada país, sobretudo quando saímos da Europa, é meio caminho andado para o sucesso de uma viagem, até pela própria segurança dos viajantes, sobretudo das mulheres. Por exemplo, mini saia, calções curtos ou roupa justa são totalmente dispensáveis em países muçulmanos ou no norte da Índia, em que, infelizmente, os crimes sexuais são recorrentes. Para evitar olhares indesejados, comentários, ofensas visuais e, em ultima análise, problemas com a polícia é fundamental adequar o vestuário aos costumes locais.
3. Cumprir as tradições e os hábitos locais: Mesmo que não concordem, uma das regras básicas da boa convivência, consiste em respeitar cerimonias religiosas, hábitos e restrições alimentares, como, por exemplo, não consumir álcool ou carne de porco em países muçulmanos. Um bom truque para o fazer de maneira natural, é centrar o foco na oportunidade de provar as iguarias locais que, não raras vezes, são uma deliciosa surpresa, e uma forma de aprofundar a cultura e a tradição do país em questão.
4. Fotografar e Filmar em locais autorizados: Alguns monumentos, sobretudo os de cariz religioso, proíbem expressamente fotos e filmagens, regras muitas vezes desrespeitadas pelos turistas, o que constitui numa ofensa grave. Por isso, antes do click, certifiquem-se de que o podem fazer, e, caso queiram fotografar pessoas, peçam, primeiro, autorização. Para além de mostrarem boas maneiras, toda a gente tem o direito à sua privacidade, que convém ser respeitada.
5. Não tocar em nada: Quantas vezes já vimos fotos, nas redes sociais, de turistas agarrados a estátuas, em poses impróprias, desrespeitando os habitantes locais, só para ter um momento de “piada” para mostrar aos amigos? Seguindo a velha regra básica do “não faças aos outros o que não gostavas que os outros te fizessem a ti”, pelo sim, pelo não, o melhor é não tocar em nada. Para além do mais, por vezes, existem restrições legais, e ninguém quer ter problemas com a polícia.
Posto isto, 5.75 leitores, resta-me salientar que mergulhar num cultura diferente, é uma das melhores experiências do mundo, desde que o façamos com ética e respeito. Ainda que inconscientemente, é muito fácil ridicularizar e ofender a cultura alheia, pelo que convém usar o bom senso, ser educado, perguntar quando se tem dúvidas, e, acima de tudo, estar atento aos hábitos locais. Uma conduta adequada pode gerar novos amigos e fazer da viagem uma experiência inesquecível, que ficará para a vida toda. Palavra de #lobo.